Guarda-redes menos batido da Liga NOS, a par de Marchesín (FC Porto) e Odysseas (Benfica), Marco Rocha, o dono das redes do Santa Clara, natural de Castelo de Paiva, tornou-se na figura da quarta jornada do campeonato ao parar duas grandes penalidades em Tondela, sendo decisivo para o 0-0 que se registou no final. Tozé, que o orientou nas camadas jovens do São Martinho, fala de um talento natural, talhado para grandes palcos e que já merecia uma oportunidade numa equipa com aspirações europeias.

Primeiro foi Richard a tentar, depois Denilson, mas aquela era a tarde de Marco Rocha, que adivinhou as intenções dos dois avançados do Tondela e defendeu ambas as grandes penalidades. “Defender dois penaltis é fantástico, mas continuo a ser o mesmo”, acabaria por confessar o guarda-redes à Agência Lusa, na ressaca de um feito que não se vê todos os dias.

Mas quem é, afinal, o guarda-redes do momento da Liga NOS? Tozé foi um dos primeiros a reparar no talento de um menino que cedo demonstrou que “tinha qualidade para ser um grande guarda-redes”. À data, o treinador comandava a equipa de juvenis do São Martinho, clube onde Marco deu os primeiros passos no futebol, e não teve receio em fazê-lo saltar um escalão. “Nem era o primeiro ano de iniciado dele e já jogava na equipa principal dos juvenis. A qualidade dele já vinha ao de cima, distanciava-se muito dos outros miúdos”, recorda.

“A visão de jogo, a qualidade do jogo de pés, a comunicação com a defesa, o posicionamento e a qualidade a sair dos postes” faziam do jovem Marco um valor seguro. E sim, ele também já defendia penaltis naquela altura. “Lembro-me de um jogo em que sofremos um penálti e disse ao nosso massagista que ele ia defendê-lo. E defendeu”, rememora Tozé.

O treinador chegou a confessar ao presidente do São Martinho que Marco não iria ficar por muito tempo no clube, e o futuro deu-lhe razão, ainda que com um pequeno percalço pelo meio. “Ele chegou a ir treinar ao Boavista, mas não ficou. Um ou dois anos depois, voltou a tentar e acabou por ficar”, conta Tozé.

Seguiu-se uma carreira segura, passada entre a 1.ª e a 2.ª Liga, ao longo da qual Marco Rocha foi subindo a pulso. Atualmente nos açorianos do Santa Clara, o guardião “tem qualidade para representar um clube que lute pela Liga Europa”, acredita o seu antigo treinador, que sempre que o apanha por Castelo de Paiva aproveita para colocar a conversa em dia.



Fotografia: Sérgio Santos

(in AFATv)